Despedimento de 123 trabalhadores em Famalicão
Face às notícias veiculadas na comunicação social sobre a intenção da COINDU – empresa de componentes para o setor automóvel – de colocar mais de 250 trabalhadores da fábrica de Joane, Vila Nova de Famalicão, em regime de lay-off, Eduardo Oliveira, candidato à Câmara Municipal e presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista (PS), convocou uma reunião de emergência, ao final do dia, com representantes das forças sindicais.
Segundo o SINDEQ, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins, a empresa comunicou na passada sexta-feira a decisão de avançar com mais um processo de lay-off. Este anúncio, seguido de um silêncio absoluto por parte de representantes da COINDU, gerou uma enorme apreensão entre os trabalhadores e nas freguesias de Joane, Mogege, Pedome, Pousada de Saramagos e Castelões – comunidades que mais mão de obra fornecem à unidade fabril.
No final da reunião, Eduardo Oliveira afirmou compreender a posição dos trabalhadores e das estruturas sindicais, relembrando que o historial da empresa em matéria laboral “não é propriamente recomendável”. “Não é possível assistir impávido e sereno a mais um anúncio de despedimentos e lay-off de uma empresa que ainda recentemente recebeu largos milhões de euros do PRR”, afirmou o candidato do PS.
Eduardo Oliveira questionou também o silêncio da Câmara Municipal, porquanto, sendo esta o representante maior do poder político no concelho e um interlocutor “certamente privilegiado junto do Governo da República Portuguesa, esperava-se que tivesse tido já uma reação de solidariedade com os trabalhadores, de preocupação com a situação desta empresa e da própria evolução da situação económica”. E acrescentou: “Não acredito que a passividade do presidente da Câmara Municipal resulte de insensibilidade humana, por isso ou é distração ou tática política, pois sendo a Câmara Municipal e o Governo da AD, provavelmente não quererá o senhor presidente incomodar o Terreiro do Paço com estas questões!”.
Paralelamente, Eduardo Oliveira aproveitou para aflorar a questão “das políticas das célebres tarifas do presidente dos EUA, que aqui por Portugal colhe o aplauso da Iniciativa Liberal e do CHEGA, que têm introduzido larga incerteza no setor automóvel e também têm servido de desculpa e pretexto para medidas como esta da COINDU”.
Os trabalhadores da COINDU estão a passar novamente um período de transtorno profundo, pela instabilidade e segurança quanto ao seu futuro. Aqui, importa recordar que no último ano a empresa já tinha avançado com o despedimento coletivo de 115 trabalhadores. Em 2025, somam-se 220 trabalhadores em lay-off e 123 com novo despedimento coletivo.
Há, inclusive, relatos de trabalhadores que pretendem acordo mútuo e não lhes é concedido, trabalhadores que estavam em casa sem trabalho e não foram despedidos e trabalhadores com trabalho que nunca faltaram na empresa e que receberam carta de despedimento. Além disso, no ano passado, a COINDU despediu trabalhadores que foram posteriormente readmitidos sem manter a sua antiguidade e regalias. Registam-se ainda situações de trabalhadores com incapacidade resultante de acidente de trabalho que enfrentam agora grandes obstáculos à reintegração no mercado de trabalho.
Eduardo Oliveira alertou também para a necessidade de escrutinar a forma como os apoios públicos – nomeadamente os fundos comunitários recebidos por outras empresas do concelho do mesmo setor – estão a ser utilizados. O candidato do PS denuncia a utilização da inovação, ergonomia e sustentabilidade como argumentos para obtenção de financiamento, sem que essas promessas se reflitam na prática.
O SINDEQ sugere e apela a intervenção urgente do Município de Vila Nova de Famalicão. O Partido Socialista está solidário e disponível com o SINDEQ e considera urgente a intervenção do município, exigindo o acompanhamento próximo da situação, o restabelecimento do diálogo com as estruturas sindicais e a abertura de um processo de avaliação mais profundo sobre o setor automóvel no concelho, com vista à proteção dos direitos laborais e ao reforço da coesão social.
“Com o nível de vida atual é impossível pagar rendas da habitação e alimentar um lar a receber apenas 2/3 do ordenado. Solicitamos intervenção do presidente da Câmara de forma urgente”, concluiu Eduardo Oliveira.