Estreia este sábado, 20 de setembro, às 18h00, no Teatro Narciso Ferreira
As histórias e reflexões da população do Vale do Pelhe serviram de inspiração para “Última Despedida”, um espetáculo de teatro com a comunidade local, com direção artística da Momento – Artistas Independentes e integrado no programa municipal Há Cultura 2024-2027. A estreia está marcada para este sábado, 20 de setembro, às 18h00, no Teatro Narciso Ferreira, com entrada livre.
O espetáculo nasce dos contributos recolhidos em sessões de reflexão, que envolveram perto de uma centena de cidadãos das freguesias do Vale do Pelhe (Requião, Vale de São Martinho, Cruz, Vale São Cosme, Telhado e Portela), incluindo de utentes do Centro Social Paroquial de Requião. A performance aborda, de forma sarcástica e descontraída, os desafios da terceira idade, em especial o final da vida - tal como o próprio título sugere.
“A ‘Última Despedida’ surge como uma crítica social, uma provocação” afirma o diretor artístico, Diogo Freitas, que sublinha a importância de “quebrar o tabu” da velhice, colocando-o em cima do palco de forma leve e divertida, apesar de se tratar de “um tema sério: a forma como tratamos os idosos”.
O encenador recorda que “quando entregamos o texto, ficaram um pouco apreensivos”, referindo-se ao desconforto inicial dos cidadãos que iam subir ao palco. Salienta que “foi um desafio para a comunidade explorar este tema”, mas também “bastante transformador” ao permitir discutir abertamente um tema que ainda é considerado controverso.
“A princípio, achei um pouco chocante, mas depois comecei a entender que é um alerta (…) porque há gente que não dá a devida atenção aos idosos”, comenta Isabel Guimarães, de Requião.
“Falarmos da ‘Última Despedida’ é um bocado estranho, mas, depois, acabamos por brincar com esse tema” comenta Joaquina Ferreira, também de Requião, que participa pela primeira vez num projeto deste género.
Joaquina refere que “inicialmente, foi um desafio quase no escuro. Não fazia ideia naquilo em que me ia meter”, mas, hoje, sente-se satisfeita. “Tem sido divertido, tem sido proveitoso (…) quando terminar, espero ficar satisfeita com aquilo que fiz, com o meu desempenho”.
Um sentimento reforçado por Isabel Guimarães, que acrescenta que “o convívio é maravilhoso com as pessoas, e sinto-me mais viva”.
A performance conta com a participação, em palco, de uma dezena de cidadãos famalicenses, acompanhados pelo ator profissional, Tomás Bárbara, que admite que este projeto exigiu “fazer as coisas de forma diferente” e, neste caso, “a pressão foi maior”.
Refira-se que o projeto de cocriação comunitária “Última Despedida” foi desenvolvido entre junho e setembro de 2025 e incluiu uma instalação artística sonora de acesso livre, inspirada nas sessões com a comunidade do território abrangido. A instalação esteve patente no adro da Igreja de Requião, em junho passado, permitindo ouvir os testemunhos dos utentes do Centro Social Paroquial de Requião e deixar mensagens de voz ligadas ao tema central do projeto.
A iniciativa conta com direção artística da Momento – Artistas Independentes e como público-alvo a população idosa, pessoas em risco de exclusão social e comunidade envolvente. É promovida pelo Município de Vila Nova de Famalicão no âmbito do programa Há Cultura 2024-2027, em coprodução com o Teatro Narciso Ferreira e em parceria com a Comissão Social Inter-Freguesias de Vale do Pelhe, e com cofinanciamento da União Europeia, através do Programa Regional NORTE 2030.