A Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) garante que o processo de vacinação em Vila Nova de Famalicão manterá o curso programado, nos próximos dias, não obstante o incidente que causou a destruição, não de 3500 como inicialmente indicado, mas de aproximadamente 5000 mil doses de vacinas da Astrazeneca e Moderna.
Fonte da ARSN acabou de confirmar ao Povo Famalicense que foram "aproximadamente cinco mil" as doses inviabilizadas devido a uma falha de energia no sistema de refrigeração em que têm que estar armazenadas. De acordo com a mesma fonte, o processo de vacinação que estava estabelecido irá ser assegurado através da "cedência de vacinas por parte de outros centros de saúde".
Presidente descarta responsabilidades da Câmara
e apela a mais cooperação das autoridades de saúde
A falha de energia no Centro de Vacinação, uma valência instalada nas antigas instalações da Didáxis de Vale São Comes, onde opera o CIIES - Centro de Inovação, Investigação e Ensino Superior, em Vale S. Cosme, ocorreu concreta e exclusivamente no local do edifício onde as vacinas se encontram armazenadas em sistema de refrigeração. Isso mesmo assegurou hoje o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, segundo o qual o município, apesar de proprietário das instalações, não tem qualquer acesso a essa sala, sob supervisão restritas às autoridades de saúde, às quais as instalações foram cedidas para instalação do Centro de Vacinação.
O edil famalicense disse mesmo que aquela zona "é um autêntico bunker", de acesso restrito às autoridades de saúde, o que inviabiliza uma supervisão por parte da segurança do edifício. "Ninguém da Câmara Municipal tem, nem nunca teve, acesso a esse espaço, e eu lamento isso", assume, considerando que "se tivesse sido autorizado à equipa de segurança aceder a esse espaço" teria detectado a anomalia e agido de modo a evitar o presente prejuízo. "Parece que têm receio que alguém roube as vacinas. Mas faz algum sentido colocar esta questão?! Não faz qualquer sentido. Com o medo e receio que tiveram a consequência foi que tivéssemos desperdiçado este número de vacinas", desabafa acerca do clima de suspeição em torno do processo de vacinação, na expectativa de que sejam retiradas deste incidente as ilações que permitam evitar eventuais repetições de incidentes do género.
De acordo com Paulo Cunha, o edifício dispõe de um gerador, que assegura o fornecimento de energia em caso de interrupção do fornecimento por duas horas, no entanto, a equipa de segurança não se deparou com qualquer anomalia que justificasse o seu accionamento, o que indica que a falha ocorreu exclusivamente na sala onde se encontravam armazenadas as vacinas. "Quem faz a vigilância não sabe se no espaço onde não tem acesso há ou não energia, porque não tem acesso ao espaço", esclarece.
A interrupção de energia terá acontecido cerca das onze da noite de ontem, tendo-se mantido até às oito da manhã de hoje, altura em que o Centro de Vacinação retomou a sua actividade. Armazenadas cerca de dez horas sem a temperatura desejável, não podem ser administradas.
Entretanto, o coordenador da Task Force, Gouveia e Melo, já anunciou a abertura de um inquérito para avaliar eventuais responsabilidades no incidente.
Sandra Ribeiro Gonçalves