MATOS FERNANDES: JUNTAS DE FREGUESIA TERÃO “PAPEL ESSENCIAL” NA GESTÃO DA MOBILIDADE

Ministro do Ambiente e da Transição Energética na segunda sessão do ciclo “Famalicão 2030 – Cinco aceleradores de desenvolvimento” As juntas de freguesia tenderão a ganhar novas competências e passarão a ter um “papel essencial” na gestão da mobilidade dos seus fregueses. A previsão é do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, que em Nine, defendeu que o “táxi deve fazer parte dos sistemas de mobilidade” das comunidades mais afastadas dos grandes centros urbanos.

“Deixaremos de ver uma pessoa sozinha num táxi para passarmos a ter um táxi como solução de transporte coletivo, partilhado e com bilhetes pagos, como parte integrante de um serviço combinado com outras formas de transporte coletivo e mais adequado às necessidades das pessoas”, explicou o governante, que falava enquanto técnico e militante do PS num colóquio sobre “Mobilidade”, integrado no ciclo de colóquios “Famalicão 2030 – Cinco Aceleradores de Desenvolvimento”, que a Concelhia do seu partido está a organizar na corrente pré-campanha eleitoral autárquica.

Numa comunidade à escala de uma freguesia ou união de freguesias não urbanas de um concelho como Famalicão, apontou, o futuro tem de passar pela integração do táxi num “sistema de transportes públicos completamente flexível, nos horários, no itinerário e nas paragens”, combinando diariamente “toda a oferta disponível no território” e “privilegiando sempre a mobilidade suave”, como a bicicleta ou os transportes coletivos elétricos ou a hidrogénio. A gestão desse sistema de mobilidade, defendeu Matos Fernandes, deverá “ser entregue à junta de freguesia”, que é quem “melhor conhece as necessidades e os hábitos das pessoas, os horários e os sítios das paragens” e “mais facilidade tem em compatibilizar a oferta e a procura”, justificou.

  • “Mais passeio e menos estrada”

Para o orador, é chegado o tempo de todos olharmos “mais para o passeio e menos para a estrada” e de “exigirmos aos nossos autarcas boas infraestruturas e bons espaços para a mobilidade suave”.

Daí a importância destas eleições autárquicas e da “qualidade das propostas e do grau de envolvimento dos candidatos” na sua execução, referiu, salientando o “papel descentralizador” que assumirão as câmaras municipais a eleger no dia 26 de setembro, dadas as novas competências que está previsto assumirem em meados do próximo ano.

Para além disso, realçou, o Plano de Recuperação e Resiliência viabiliza não só grandes investimentos na melhoria dos transportes públicos nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto como abre “janelas de oportunidades” para “aquisição ou renovação” de pequenas frotas de autocarros ligeiros e de outros veículos que se integrem em “sistemas de transporte flexível” elétricos ou a hidrogénio. “Há avisos que estão a abrir em breve e que serão boas apostas em territórios como Famalicão”, salientou o ministro do Ambiente perante uma plateia de quase uma centena de pessoas, muitas delas cidadãos independentes e técnicos e empresários ligados ao sector dos transportes.

Lembrando que “25 por cento das emissões de carbono são provenientes dos transportes de que nos servimos atualmente”, Matos Fernandes lamentou que seja nessa frente e na das matérias-primas que o esforço de descarbonização do país esteja a ser mais difícil. É que, apontou, o maior óbice à redução da nossa pegada carbónica “somos nós mesmos”, porque “é baixa a disponibilidade das pessoas para mudar de hábitos”. Mesmo assim, assegurou, Portugal continua comprometido com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

“Sessenta por cento da eletricidade que gastámos já vem de fontes renováveis e em termos de energia estamos no bom caminho. O que me continua a preocupar é a poluição, com os transportes à cabeça, e as matérias-primas, porque as nossas empresas ainda produzem mais resíduos do que deviam. As autarquias vão ter de assumir um papel essencial na promoção da economia circular”, afirmou o orador principal desta sessão do PS Famalicão.

  • “Carbono zero. Pobreza zero. Exclusão zero”

No colóquio interveio também o especialista em planeamento do território Pedro Ribeiro da Silva, que chamou a atenção para os novos desafios que a pandemia trouxe a territórios e comunidades europeus como Famalicão, às chamadas cidades médias europeias.

Hoje, disse em Nine o coordenador nacional da Rede de Cidades e Vilas de Excelência do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, o que se discute é como avançar, ao mesmo tempo, para atingir um tríplice zero no pós-pandemia: “Carbono zero. Pobreza zero. Exclusão zero”.

Para isso, há que repensar os usos e as funções do território e rever a métrica da eficiência da mobilidade, para que esta passe a ser aferida pelo tempo que demoramos e não pelos quilómetros que percorremos.

O colóquio serviu também para João Freitas, candidato a vereador na equipa liderada por Eduardo Oliveira, elencar as principais medidas que constarão do programa eleitoral do PS em matéria de mobilidade e transportes.

Por seu turno, Eduardo Oliveira, líder concelhio e candidato socialista à presidência da Câmara Municipal, manifestou-se, no final, satisfeito com o “nível do debate” e confiante nas competências pessoais “desta nova geração de autarcas socialistas em Famalicão”. Está “seguro”, adiantou, que irão operacionalizar “algumas das boas práticas em matéria de uso sustentável dos transportes e da economia circular” abordadas na sessão.

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