​​​​​​​Irmã Arminda assumiu “umas bofetadas” ao Arcebispo de Braga “mas prometeu que ia deixar de o fazer”

O Arcebispo de Braga D. Jorge Ortiga, tinha conhecimento dos alegados maus tratos praticados no Convento de Requião desde meados de 2014, altura em que uma das noviças integradas na Fraternidade Missionária de Cristo Jovem lhe dirigiu uma carta, queixando-se. Recebeu uma segunda carta de uma outra noviça, e acabaria por convocar a irmã Arminda, apontada como autora dos episódios de violência, para uma reunião. Nesta, a religiosa assumiu ao Arcebispo a autoria de “umas bofetadas”, mas “prometeu que ia deixar de o fazer”, e a situação foi-se protelando até que apenas a intervenção da Polícia Judiciária, que irrompeu pelo Convento em novembro de 2015, mais de um ano e meio depois da primeira denúncia, pôs cobro à situação.

Convocado a testemunhar no processo judicial em que o padre Joaquim Milheiro e três religiosas são acusadas de nove crimes de maus-tratos, D. Jorge Ortiga assumiu que foi informado do clima de violência que se vivia no Convento de Requião, e que o assunto até era “recorrente” nos órgãos da Arquidiocese de Braga. No entanto, acerca de uma intervenção face ao que era descrito, referiu que “o tempo foi passando, isto surgiu na comunicação social, mas, se assim não fosse, íamos agir mesmo”. Admitiu ainda que chegou a designar um representante da Arquidiocese para acompanhar a instituição, após as denúncias, mas que este nunca chegou a exercer a função, uma vez que lhe foi impedida a entrada. Estava ainda a haver um acompanhamento para efeitos de elaboração dos estatutos de uma instituição de solidariedade social associada à Fraternidade, mas nem esse processo foi concluído. A juíza que preside ao colectivo instou o Arcebispo sobre a prioridade dada à elaboração de estatutos quando estavam denúncias de maus tratos em cima da mesa, ao que D. Jorge Ortiga respondeu: “isso seria a segunda etapa. Tínhamos de ter a certeza de que aquilo (os maus tratos) era verdade”.

No depoimento que proferiu na passada semana, alegou que a extinção das Fraternidade chegou a ser equacionada, contudo, atendendo ao processo judicial entretanto originado, foi decidido “esperar”. De resto, alegou que a Arquidiocese de Braga aguarda os termos do processo para decidir o que fazer com a Fraternidade de Cristo Jovem.

Arcebispo à data dos factos, adiantou ainda que as noviças lhe relatavam um clima e de “paz e calma” quando não se encontrava a irmã Arminda. Foi neste contexto que o seu abandono do Convento foi sugerido e acabou mesmo por acontecer. Assumiu que esta “ordem ou sugestão, com convicção” foi dada por si e pelo padre Milheiro à irmã, que “aceitou contrariada”. Saiu do Convento “com um saquinho de plástico, e pouco mais, e foi para casa”, descreveu.

 

Data de Publicação: Voltar à Página Anterior


Siga-nos

Publicidade


Última Edição!