FAMALICÃO MAIS AMIGÁVEL DAS PESSOAS COM DEMÊNCIA

Associação retomou a caminhada anual “Dê 2 Passos”, interrompida na pandemia, assinalando o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer

Três dias depois da data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Vila Nova de Famalicão juntou-se a milhares de cidades e comunidades regionais, espalhadas por todo o planeta, e assinalou, na manhã do passado sábado, o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer.
Mais de 70 pessoas, de várias freguesias do concelho, participaram na 2.ª Caminhada Solidária “Dê 2 Passos”, com que a associação famalicense Casa da Memória Viva (CMV) reatou, depois de dois anos de forçado interregno, provocado pela pandemia, uma iniciativa que visa sensibilizar os famalicenses para os impactos do tipo mais comum de demência e, ao mesmo tempo, recolher fundos para as suas atividades de informação e capacitação de cuidadores e familiares de pessoas com doença de Alzheimer. “É bom voltarmos a caminhar irmanados depois da pandemia, para encurtar distâncias e com um propósito que nos deve convocar a todos: esbater o estigma e fazer com que Famalicão seja uma comunidade cada vez mais saudável e mais amigável e compassiva das pessoas com demência”, assinalou, no final, Carlos de Sousa, presidente da direção da entidade organizadora.
Foi por isso que antes da partida foi guardado um minuto de silêncio por todos os famalicenses falecidos por Covid-19 durante os anos de 2020 e 2021, em que a caminhada não se realizou. “Foi o caso – lembrou o dirigente da CMV – do Senhor Carlos Felgueiras, um grande famalicense e um exemplo de generosidade cívica; o primeiro cidadão a fazer uma doação livros e postais à Casa da Memória Viva para o nosso projeto “Alfarrabista Social’”.
Para além de vários dirigentes da CMV e de outras associações de cariz social, entre os participantes contavam-se alguns decisores institucionais e dirigentes políticos locais, como o deputado famalicense do PSD à Assembleia da República, Jorge Paulo Oliveira, e a líder concelhia do PAN, Sandra Pimenta.
A caminhada, com pouco mais de quatro quilómetros, saiu do topo Norte da Pr. Álvaro Marques, na esquina com a Rua Manuel Pinto de Sousa, junto ao painel de azulejos que regista, como um memorial, o funcionamento ali do antigo posto do Serviços Médico-Sociais da Previdência. É nesse espaço verde que, como realçou o seu presidente, a CMV
gostaria que nascesse o “Jardim da Memória”, até porque, sustentou, “ali se abrigaram dezenas de pessoas quando foram disparados tiros durante os acontecimentos históricos do PREC ocorridos em Famalicão, nos primeiros dias de agosto de 1975”.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, de que padecem cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS. As demências, por sua vez, constituem, hoje em dia, a sétima causa de morte a nível mundial, entre todas as doenças, e um dos principais fatores de incapacidade e dependência da população mais idosa.
Em Portugal, estima-se que existam cerca de 200 mil pessoas com demências, número que a Alzheimer Europe, federação europeia de organizações de familiares e cuidadores de pessoas com a doença, admite que venha a crescer de forma galopante nos próximos anos, podendo chegar, em 2050, aos 350 mil indivíduos.
No concelho de Vila Nova de Famalicão, a Casa da Memória Viva projeta, por extrapolação, que haja 935 famalicenses que vivem em situação de défice cognitivo, a ponto de lhes condicionar fortemente a vida. Isto, tendo em conta os resultados do último Censos, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, e os dados mais recentes da OMS.
No Censos conhecido há um ano, Famalicão contabilizava 26.293 pessoas com 65 e mais anos a residir no concelho. Foi a única faixa etária em que o concelho ganhou população na última década (+ 42,5%). Também há um ano, a Organização Mundial de Saúde estimava que mais de 55 milhões de pessoas (8,1% das mulheres e 5,4% dos homens com mais de 65 anos) viviam com demência. São números que constam da versão mais recente do relatório global daquela organização sobre a Resposta da Saúde Pública à Demência.
Embora seja responsável por 60 a 70 por cento dos casos conhecidos a nível mundial, a doença de Alzheimer está longe de ser a única causa de demência. Existem outras doenças que afetam o cérebro, mas de formas e a ritmos diferentes. É o caso, por exemplo, da demência vascular, da demência de corpos de Levy e da demência frontotemporal.
Fundada em maio de 2019, a Casa da Memória Viva tem por missão a dignificação e bem-estar das pessoas em perda cognitiva e a “defesa e valorização da memória identitária” da comunidade famalicenses, o que, destaca Carlos de Sousa, passa pela “salvaguarda, preservação, divulgação e engrandecimento do património cultural imaterial de Vila Nova de Famalicão e das tradições das suas gentes”.

 

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