Comunidade exemplar no acolhimento aos refugiados ucranianos

“Não posso deixar de agradecer a toda a comunidade, que colheu estas pessoas, que chegaram sem nada, ou muito pouco, na maioria das vezes deixando para trás o bem que lhes é mais precioso, a família”. A frase é da vereadora da Interculturalidade da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Sofia Fernandes, que ao início da tarde desta quinta-feira abriu o colóquio “Welcoming Ukrainians – Perspectivas de Acolhimento”, que serviu de balanço ao trabalho da Rede de Cidades Interculturais, que o município partilha com os congéneres de Vila Verde e Santa Maria da Feira.

A autarca reiterou o compromisso do executivo no apoio aos imigrantes que procuram o concelho para trabalhar, viver e, muitas vezes, lançar a semente de um novo projecto de vida, mas colocou o foco na vaga de imigração ucraniana, justificada pela invasão da Rússia, para assumir que o fenómeno pressionou as equipas – “que muitas vezes se ressentiram e viviam com um aperto constante no coração por verem em que condições estas famílias chegavam a Portugal” -, e catapultou o executivo para medidas concretas como o Gabinete SOS Ucrânia, que abriu logo a 7 de março, semanas depois do início da guerra (a 24 de fevereiro).

Sofia Fernandes considera que a resposta foi adequada, à data, recordando que o primeiro grupo chegou a Famalicão logo um dia depois do início do conflito, mas deixou claro que ela continua no terreno, para dar seguimento àqueles que são os distintos anseios desta comunidade, uns de ficar, outros de regressar. Pegou no exemplo do mais recente acordo celebrado com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana para reiterar o compromisso da autarquia em garantir um bom acolhimento a estas pessoas, esclarecendo que esta parceria contempla uma bolsa específica para cidadãos ucranianos. As vagas são 12, e as candidaturas, no momento, apenas cinco.

De acordo com a vereadora, neste momento permanecem no concelho 128 dos 185 cidadãos ucranianos que saíram do seu país rumo a Vila Nova de Famalicão.

A Rede de Cidades Interculturais permite a partilhar de projetos e ações, no que diz respeito ao acolhimento dos cidadãos ucranianos que se encontram deslocados do país por força da guerra é um dos objetivos do seminário e do projeto.

 

“Muito obrigada pela vossa ajuda”

Uma destas cidadãs acolhidas é Júlia, que se encontra desde março no concelho, acompanhada dos dois filhos, tendo deixado o marido, impedido de sair do país por força da guerra, e outros familiares. Num português que surpreende, assume: “gosto muito de Portugal, e gosto muito de pessoas portuguesas, porque elas são muito acolhedoras. Muito obrigada pela vossa ajuda”. Residente em Kiev, na capital, assume que quer regressar à Ucrânia, mas não para já, por considerar que “a situação ainda é muito perigosa”.

 

“É como se tivéssemos mais duas pessoas na família”

Francisca Magalhães é uma de muitos famalicenses que abriram as portas da sua casa para acolher estes cidadãos deslocados. Tem em casa desde março uma mulher de 32 anos e um menino de três. “Logo que ouvimos que seria possível criar condições para acolher refugiados da Ucrânia oferecemos os nosso espaço”, esclarece, acrescentando que não hesitou em ajudar e “manifestar disponibilidade”.

Fala de uma experiência “muito boa”, ainda que haja um tempo de adaptação aos hábitos e forma de estar, própria de “culturas diferentes”. “Construímos relações de amizade e afecto. Hoje em dia é uma coisa natural, é como se tivéssemos mais duas pessoas na família”.

 

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