Padre e três religiosas da Fraternidade Cristo Jovem acusados de escravidão

O Ministério Público deduziu acusação contra o padre e três religiosas da Fraternidade Missionária Cristo Jovem, proprietária do convento de Requião, imputando-lhes a prática de nove crimes de escravidão. Todos foram constituídos arguidos por despacho do passado dia 10, e do qual a Procuradoria Geral da República deu conta há minutos. Para além dos quatro membros da congregação, é também arguida a própria pessoa colectiva.
Segundo a acusação, "o arguido e as arguidas, de Dezembro de 1985 até 2015, angariaram jovens do sexo feminino, de raízes humildes, com poucas qualificações ou emocionalmente fragilizadas, que acolheram na instituição a pretexto de formarem uma comunidade espiritual de raiz católica e de satisfazerem os anseios daquelas de seguirem uma vida religiosa; mas que depois, prosssegue a acusação, as usaram para desempenhar todas as tarefas diárias exigidas para a conservação e manutenção das instalações da instituição e continuação da sua actividade, sem qualquer contrapartida dada às jovens e mediante sujeição destas a um clima de terror que as mantinha em regime de total submissão, sem possibilidade de reacção".
O despacho refere ainda que os quatro arguidos "impuseram às jovens ofendidas jornadas de trabalho que chegavam a atingir vinte horas, infligiam-lhes castigos físicos como bofetadas e pancadas no corpo com objectos se o não faziam ou faziam mal feito, insultavam-nas, impuseram-lhes castigos consistentes na privação de alimentação e de banho ou na obrigação de dormir no chão, controlaram os contactos que mantinham com o exterior, privaram-nas de informação, de contactos com familiares e, até, da documentação pessoal".
O caso remonta a Novembro de 2015, altura em que buscas realizadas pela Polícia Judiciária no convento chamaram à atenção para as suspeitas que o Ministério Público agora corrobora. Depois de mais de três anos em inquérito, o processo tem agora acusação.
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