Não baixar a guarda face ao Covid-19 (!)

Número de casos em Famalicão, como no país, tem vindo a subir

de forma expressiva. Prevenir é responsabilidade de todos

     

     A curva que ninguém quer ver a su - bir, a do número de infectados por Co - vid-19, tem revelado infelizmente que a luta pelo controlo do surto está longe de estar vencida.
São os números mais recentes do país que o evidenciam, mas também em Vila Nova de Famalicão saltam para fora da linha de estabilização registada entre Maio e meados de Julho (como se pode constatar pela avaliação do gráfico anexo). As últimas semanas voltam a dar conta de uma subida expressiva do número de infectados, que são agora 699, mais 70 no espaço de uma semana, de acordo com o mais recente relatório de situação da Direcção Geral de Saúde.
     A primeira semana de Agosto fixou uma subida do número de casos acima das duas dezenas – passamos dos 414 doentes confirmados para os 436. Na semana seguinte somaram-se mais 13 aos 436, totalizando os 449.
     Logo na semana seguinte, a 17 de Agosto, já Vila Nova de Famalicão ficava perto dos 500 casos (493), assinalando 44 novos infectados. A subida volta a emagrecer a 24 de Agosto, onde o relatório da DGS apontava a existência de 506, apenas mais 13 que na se - mana anterior, mas desde aí a escalada do surto tem vindo a subir significativamente, acrescentando novas e muitas dezenas à expressão do surto.
     A última semana do mês de Agosto já evidenciava 550 casos, novamente mais 44 que no relatório anterior, mas na primeira semana de Setembro foram atingidos todos os recordes, com uma subida para os 629 casos, o que soma 79 ao balanço precedente. Esta semana o relatório de situação da DGS volta a atestar o aumento significativo do número de novos infectados, que são agora 699 em Vila Nova de Famalicão.

 

Presidente do Conselho Clínico e Saúde do ACeS

apela à firmeza de todos na prevenção

     Para Frederico Salgado, presidente do Conselho Clínico e Saúde do Agrupamento de Centros de Saúde do Ave (PCCS ACES Ave), a subida expressiva do número de infectados “não é uma surpresa”. Aliás, em declarações ao Povo Famalicense, assume que a evolução “se precipita dentro do que é expectável”, atendendo a um crescente regresso à nova normalidade e ao rescaldo daqueles que são os períodos de férias por excelência dos portugueses. Em Vila Nova de Famalicão, a situação foi agravada pela situação dos lares, e muito especificamente pelo surto surgido no Centro Social e Paroquial de Vale São Cosme que, sozinho, contribuiu com 43 infectados para os mais recentes relatórios de situação.
     De acordo com este responsável, esta subida “não é razão para as pessoas ficarem assustadas, até porque a situação está a ser acompanhada em permanência, e as medidas estão a ser adoptadas em linha com as necessidades que vão surgindo”. No entanto, sublinha: “é absolutamente fundamental que não haja relaxamento naquelas que são as formas de prevenir o contágio”. Frederico Salgado constata que a situação no concelho e no país “nunca fugiu de mão das autoridades”, mas, para que assim continue, “é preciso que as pessoas mantenham uma conduta de distanciamento social, continuem a ter cuidado extremo na higienização das mãos, e que usem e abusem da máscara”. O PCCS do ACES sublinha que “o uso da máscara vai ser muito importante para prevenir o contágio, e é bom que as pessoas percebam que há situações em que, mesmo no exterior, ela deve ser usada”. Nomeadamente, concretiza, em todos os locais onde haja uma elevada circulação/aglomeração de pessoas.


"Escolas têm enorme desafio (...), mas acredito que tudo está a ser feito

para que as coisas corram bem”


     Com o regresso à escola a acontecer por estes dias, Frederico Salgado não desmente que “é natural que assistamos a uma subida do número de casos”. Contudo, acredita no trabalho que está a ser feito pelas escolas: “as escolas têm um desafio enorme pela frente, sobretudo aquelas que lidam com as crianças mais pequenas, mas eu acredito que tudo está a ser feito para que as coisas corram bem. Uma coisa é certa, se todos os envolvidos perceberem que não podemos abrir mão deste novo normal, em que o distanciamento social, a etiqueta respiratória, a higiene e a máscara são fundamentais, creio que não teremos problemas de maior”. Acrescenta que “é importante que a sociedade em geral entenda que, segundo os epidemiologistas, a “folga” ou “almofada” de segurança que hipoteticamente teria sido atingida como resultado do confinamento e adoção de medidas preventivas não foi atingida naquele que seria o seu valor máximo, sendo que partiremos para os últimos meses de 2020 numa posição que, não sendo desconfortável, não é aquela que em teoria seria a ideal”. Portanto, remata, “o controlo desta doença está na mão de todos!”


ACES desenha novas medidas para estar preparado


     Entretanto, adianta que o próprio ACES, em articulação com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), está a preparar um conjunto de medidas no sentido de estar preparado para uma eventual subida dos casos de Covid-19. Será reforçada a disponibilidade médica (mais uma hora) na Área Dedicadas Covid-19 Comunidade (ADC) instalada no Centro de Saúde de Famalicão, e está a ser ponderada a sua separação física daquela unidade, de modo a afectar a resposta à pandemia num local distinto da resposta às restantes questões de saúde. Frederico Salgado reitera que o reforço da disponibilidade médica “ocorrerá sempre e à medida que se verificar necessário”. Acrescenta ainda que esta área de observação de utentes com queixas suspeitas Covid-19 tem uma monotorização constante, e já esta previsto o aumento gradual do período de atendimento se assim se justificar.
     Para além disso, também está a ser equacionada a possibilidade de separar fisicamente a logística da vacinação contra a gripe sazonal, “no sentido de evitar cruzamento de pessoas e minimizar os contágios”. De resto, sublinha, o processo de vacinação irá ser desencadeado com a mais brevidade, “assim que cheguem as vacinas”, para “mitigar a afluência aos serviços por causa da gripe”.
     O grande desafio que se avizinha, para os serviços de saúde, relaciona-se com o facto de os sintomas da gripe sazonal serem, na sua apresentação, muito semelhantes aos da Covid-19. Desde logo, “o intuito da antecipação da vacinação pretende minimizar o máximo possível os valores da gripe sazonal por forma a não sobrecarregar tanto a resposta aos utentes que configuram na suspeição de Covid-19”.
     Em discurso directo, perceba melhor este vírus, e a razão dos cuidados que todos devemos ter, no texto que o presidente do Conselho Clínico e Saúde do AceS nos fez chegar.

 

Artigo de Opinião

* Conhecimento é poder

     O coronavírus SARS-COV-2, foi identificado pela primeira vez em humanos, no final de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, posteriormente “batizado” pela OMS como COVID-19.
Como muitos outros vírus, o COVID 19 pode infetar humanos causando doenças respiratórias comummente similares a uma gripe comum. No entanto em alguns casos podem evoluir para patologias de maior gravidade como por exemplo Pneumonia.
     Este vírus pode transmitir-se por via direta com o contacto próximo de uma pessoa infetada ou por via indireta com superfícies contaminadas, estas são as formas predominantes de transmissão. A transmissão direta ocorre por libertação de gotículas virais provenientes da boca ou nariz de pessoas infetadas. A indireta pelo contacto com superfícies onde se depositam estas gotículas. Assim se compreende que o uso de máscara seja fundamental para diminuir a disseminação destas gotículas e, por consequência, o vírus em si. A lavagem correta e frequente das mãos potencia o controlo da propagação da doença, pois elimina vírus que se encontram nas nossas mãos e que consciente ou inconsciente possamos levar à boca ou nariz.
     A apresentação clinica desta infeção é muito similar a um resfriado comum, com tosse, febre ou falta de ar. Na presença destes sinais e sintomas o que deve ser feito é o contacto telefónico para a SNS24 para a orientação condizente. Muitas vezes o encaminhamento é para as áreas dedicadas a doentes COVID 19, onde os profissionais se encontram protegidos com equipamentos específicos (EPI)para lidar com este tipo de vírus. Todo o cidadão suspeito de ser portador deste vírus deve manter o distanciamento social e cumprir escrupulosamente todas as regras e medidas de impedimento da propagação. Acho que podemos dizer que é uma “obrigação cívica”!
     Felizmente e segundo os dados disponibilizados, a maioria dos doentes COVID 19 recupera apenas com tratamento sintomático e não apresentam sequelas da doença após a cura. No entanto para pessoas com outras doenças pode desenvolver uma doença respiratória grave e até mesmo potencialmente mortal.
Existe também um grupo etário que ate mesmo saudável pode ser vulnerável a este vírus, os idosos! Com o envelhecimento humano normal o sistema imunitário de forma lenta e gradual vai perdendo as suas capacidades e, por isso, um idoso que seja infetado pelo COVID 19 pode ter o desenvolvimento de uma doença viríca mais grave pois o sistema imunitário tem uma capacidade de proteção inferior.

FREDERICO SALGADO

MEDICO ESPECIALISTA EM MGF - OM 49104

GRADUADO EM HIDROLOGIA MÉDICA

MEMBRO CONSELHO NACIONAL CONSULTIVO ORDEM DOS MÉDICOS

PRESIDENTE DO CONSELHO CLÍNICO E DA SAÚDE ACES AVE - FAMALICÃO

* Título da responsabilidade da redacção

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