Maior terminal ferroviário de mercadorias da Península Ibérica operacional em Setembro de 2021

O maior terminal ferroviário da Península Ibérica, o projecto da Medway que promete colocar Vila Nova de Famalicão no mapa portuário,
poderá estar operacional já em Setembro de 2021.
As expectativas da empresa apontam para que a obra possa arrancar ainda no final deste ano,
o que depende de decisão favorável e sem atrasos da Agência Portuguesa do Ambiente,
relativamente ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA).
A novidade foi avançada em exclusivo ao Povo Famalicense por Carlos Vasconcelos,
presidente da empresa que se assume como maior operador ferroviário privado de mercadorias.

 

     O investimento, que Carlos Vasconcelos anunciou publicamente em Novembro de 2018, deveria arrancar ainda em 2019, de acordo com o calendário inicial. No entanto, complicações surgidas com o Estudo de Impacto Ambiental, e com o layout do próprio projecto, remeteram esse arranque para Setembro/Outubro deste ano. Sem surpresa, agora são as consequências da pandemia de Covid-19 a impor novos atrasos ao processo, nomeadamente a execução do EIA. “A pandemia da Covid-19 atrasou todo o processo, designadamente o prazo de execução do estudo do impacto ambiental, que requereu mais tempo de desenvolvimento, do que aquele que estava inicialmente projectado. Neste momento, aguardamos pela decisão da APA”, explica o presidente da Medway, que ainda assim espera “arrancar com a obra no final deste ano” e ter o terminal em condições de operar em Setembro de 2021.

    Entretanto, a evolução do próprio layout do projecto teve impacto também sobre o montante do investimento previsto, que inicialmente apontava para os 35 milhões de euros. “Em virtude dos melhoramentos introduzidos no projecto, o investimento deverá rondar os 55 milhões de euro”, adianta Carlos Vasconcelos.

 

“Queremos muito este projecto”

 

     Apesar das vicissitudes do projecto, que irá ocupar uma área de 200 mil metros quadrados numa zona fortemente industrializada, em Lousado, em torno da qual gravitam empresas como a Continental ou a Leica, o presidente da Medway garante que o entusiasmo e a ambição em torno do projecto se mantêm inalterados: “queremos muito que este projecto seja implementado, pois permitirá, não só tornar-nos mais eficientes, como estarmos mais próximos dos nossos clientes. A zona de Famalicão tem um volume de exportação e importação muito significativo, além de um enorme potencial de crescimento, dada a localização geográfica e concentração empresarial. Este projecto será o maior terminal da Península Ibérica, um terminal de última geração, que se igualará aos terminais mais modernos do Mundo e que irá corresponder às necessidades logísticas das empresas locais, facilitando as exportações e importações, contribuindo, desse modo, para a economia e o emprego da região”.

    Carlos Vasconcelos sublinha que a ambição é partilhada pela Câmara Municipal e pela Infraestruturas de Portugal, entidades parceiras da Medway: “tanto a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, como a Infraestruturas de Portugal estão alinhadas com a ambição da Medway, para dotar a região, que é uma das mais produtivas do país, de uma ligação moderna aos portos marítimos de Leixões ou Sines”.

    Consciente do impacto que este investimento terá na economia local, o presidente da Medway não deixa de frisar que o seu potencial está muito para além do concelho e da região em que se insere: “quando estiver concluído, este terminal permitirá aumentar competitividade da região e do transporte ferroviário e potenciar novos investimentos no país”.

 

Projecto foi anunciado no final de 2018

 

    O projecto tornou-se público no final de 2018, pela voz do presidente da Medway, que justificava o investimento em Vila Nova de Famalicão precisamente com o “potencial que existe nesta zona, e a necessidade que o mercado coloca, na questão operacional, para corresponder melhor à procura”. Na altura, este responsável tinha a expectativa de que as obras pudessem arrancar ainda em 2019.

    De facto, logo no início desse ano, em Janeiro, o projecto sofreu mais um avanço com a assinatura de um protocolo de cooperação entre o operador privado, a Câmara Municipal e a Infraestruturas de Portugal.

    Nos termos esse acordo, a autarquia assume o compromisso de definir os limites necessários à construção do terminal, promover e agilizar os procedimentos e aprovações necessárias, mediar a distribuição entre proprietários de terrenos, custear as acessibilidades; e conceder os benefícios ao projecto no quadro do Regulamento Municipal dos Projecto de Interesse Municipal. Já a Infraestruturas de Portugal assume colaborar, mediante compensação da “Medway”, com serviços de assistência técnica e fornecimento de materiais. Ao operador cabe a responsabilidade do investimento em si.

    À data de assinatura do protocolo, Janeiro de 2019, a Medway tinha a esperança de que o processo de obtenção de licenças e estudo de impacto ambiental se agilizassem de modo que o projecto estivesse concluído em Março/Abril deste ano. No entanto, logo em Dezembro de 2019, a própria Medway viria a assumir um atraso de cerca de meio ano no calendário que estabelecera, apontando a conclusão do projecto para os meses de Setembro/Outubro deste ano.

    Ao Povo Famalicense, o operador alegava que o atraso se devia à conjugação de dois factores: por um lado ao estudo do impacto ambiental (EIA), que revelou “maior complexidade que implica prazos mais longos, provocando atrasos em todo o projeto, dada a dependência das demais fases deste estudo”, e a “necessidade de alterar o layout, para facilitar a entrada/saída dos comboios”.

    Nas imediações do último prazo fixado para ultimar o projecto e avançar com a construção (Setembro/Outubro), e apesar de dependente de decisão da APA, ainda assim a Medway mantém no horizonte de 2020 os primeiros passos do terminal ferroviário que vai colocar Famalicão no mapa portuário mundial.

 

SANDRA RIBEIRO GONÇAVES

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