“Dia Mundial do Pão” assinala-se nesta quarta-feira
A escassez de mão-de-obra qualificada, pressão imobiliária e “boom” turístico nas grandes cidades trazem dificuldades crescentes às padarias tradicionais e para assinalar o “Dia Mundial do Pão”, os profissionais de panificação do Norte de Portugal reúnem-se nesta quarta-feira, em Vila Nova de Famalicão, para debater os “desafios urgentes e as oportunidades do sector”.
O encontro, intitulado “Conversas sobre Pão”, realiza-se no auditório da Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide, e é coorganizado pela Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN) e pelo grupo moageiro Better Foods. O objetivo, segundo Inácio Santos, presidente da associação empresarial representativa de 600 industriais nortenhos do sector, é “abordar questões críticas enfrentadas pelas padarias tradicionais, como a falta de mão-de-obra qualificada, a necessidade de estratégias eficazes de marketing, a pressão do setor imobiliário e o impacto do turismo nas grandes cidades”.
Entre os muitos desafios enfrentados pela panificação portuguesa atualmente, o grupo Better Foods, copromotor deste encontro-debate, confirma a “rápida erosão das padarias tradicionais”, que culminou no “encerramento de um número muito significativo de estabelecimentos, especialmente nos grandes centros urbanos”, adianta o administrador Francisco Figueiredo.
Este fenómeno, que se agravou consideravelmente no período pós-pandemia, verifica-se também devido à “reconversão de muitos imóveis de vocação comercial para alojamento local”, assim como à pressão imobiliária, que leva a que as “padarias tradicionais que ainda resistem enfrentem, agora, a limitação de espaço”, afirma o presidente da AIPAN. Nalguns casos, concretiza, houve empresas que “tiveram de eliminar o fabrico próprio” para continuarem a operar, “esmagadas pelo aumento proibitivo do metro quadrado” nas principais cidades.
Contudo, tanto para a AIPAN como para o grupo Better Foods, as padarias artesanais e tradicionais são mais que estabelecimentos comerciais: elas representam “a cultura, tradição, saber-fazer e qualidade do pão português”. Assim, como destaca o presidente da AIPAN, “estas Conversas sobre Pão têm em vista criar um ambiente de diálogo e a troca de ideias para preservar e fortalecer o sector”.
Durante o evento, os profissionais debaterão também a importância da inovação e nutrição na panificação; o decréscimo do consumo de pão; os novos hábitos de consumo e a formação e capacitação como ferramentas para o crescimento da panificação portuguesa.
“É essencial encontrar formas de garantir que a tradição da panificação portuguesa continue relevante num mercado tão dinâmico como o atual, e que seja capaz de incorporar inovação nos seus processos sem comprometer a essência das nossas padarias tradicionais”, realça, por seu turno, Francisco Figueiredo.
O evento tem início às 14,30 horas, com a sessão de abertura, em que marcará presença o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Ricardo Mendes. No debate subsequente, participarão industriais, técnicos, formadores e especialistas ligados à panificação e responsáveis de indústrias a montante, além do presidente da AIPAN e de responsáveis do grupo Better Foods, de Elisabete Ferreira, dirigente do Clube Richemont Portugal, e de Amândio Pimenta, Embaixador do Pão – Portugal.
Programa
- 14h30 – Boas-vindas - Presidente da AIPAN
- 14h45 – Intervenção do Vice-Presidente Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
- 15h00 – Mesa Redonda: Conversas sobre Pão, com a participação de:
- António Fontes - AIPAN
- Francisco Figueiredo (grupo Better Foods)
- Elisabete Ferreira – Clube Richemont Portugal
- Amândio Pimenta – Embaixador do Pão – Portugal
- Moderador - Olga Sousa
16h15 – Perguntas e respostas
16h45 – Encerramento